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LEVEDURA VERMELHA DE ARROZ

Monascus purpureus Went

Descrição

O arroz de levedura vermelha é um produto obtido a partir de um fungo (Monascus purpureus) que cresce neste cereal. O arroz, assim fermentado, tem servido como elemento da alimentação, durante séculos, em alguns países asiáticos.

 

Monascus purpureus é um fungo filamentoso, cuja reprodução assexuada é realizada pela germinação de conídios e formação de filamentos que constituem um micélio, inicialmente branco mas que vai adquirindo coloração do rosa ao vermelho alaranjado, devido à biossíntese de pigmentos coloridos

 

Sob certas condições, o crescimento do grão de arroz deste fungo ocorre por fermentação, o que confere ao arroz uma coloração avermelhada devido à síntese de pigmentos vermelhos, amarelos e alaranjados. Atualmente, a levedura vermelha de arroz (LRA), também conhecida como levedura do arroz vermelho ou simplesmente levedura vermelha ou arroz vermelho, obtém-se mediante o cultivo controlado de cepas selecionadas deste fungo no arroz.

 

Parte utilizada

Utiliza-se a levedura Monascus purpureus que cresce sobre o arroz. Comercializa-se tanto a levedura isolada "levedura vermelha de arroz" como o arroz com a levedura ou "arroz de levedura vermelha". É importante que os produtos especifiquem o seu conteúdo em monacolina K.

 

Princípios ativos

Na Monascus purpureus foi descrita a presença de substâncias de vários grupos químicos:

 

Entre os compostos primários encontram-se os lípidos: são ácidos gordos saturados (ácidos palmítico, esteárico e eicosanóico) e ácidos gordos insaturados (ácidos oleico, linoleico e linolenico) em proporções equivalentes. Também contém amido, proteínas, aminoácidos, vitaminas e minerais.

Entre os compostos secundários, destacam-se os policetídeos, que são acompanhados por fitoesteróis (β-sitosterol, campesterol, estigmasterol, etc.)  isoflavonoides, saponinas, ácido γ-aminobutírico GABA e vários pigmentos que lhe dão a cor vermelha (monascina, ankaflavin e, algumas micotoxinas como a citrina, que deve ser eliminada). Os principais compostos policetídeos são as monacolinas, que geralmente variam entre 0,4 e 0,8%. A monacolina mais abundante é  monacolina K (mevinolina ou lovastatina) que também se encontra na sua  forma de dihidro, desidro e hidroxiácido, acompanhada pela monacolina L. 

Em 1979, o Prof. Akira Endo, no Japão, isolou a monacolina K de cultivo de M.purpureus, e demonstrou que esta era capaz de inibir a 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A reductasa (HMG-CoA reductasa), uma enzima que regula a síntese do colesterol. A monacolinao K (ou lovastatina) tem sido a cabela de série de uma série de fármacos, as estatinas, consideradas atualmente o tratamento de eleição para as dislipidemias. Durante muitos anos, M.Purpureus, foi uma das principais fontes para a obtenção das estatinas.

 

Ação farmacológica

Hipocolesteromiante: a monacolina K é hidrolisada no organismo e transforma-se em ácido mevinolínico, que é um análogo estrutural do 3-hidroxi-metil-glutarilo (HMG), pelo que se une à enzima HMG-CoA reductasa, bloqueando a passagem do HMG ao ácido mevalónico e, consequentemente, inibe a síntese endógena do colesterol numa das suas fases iniciais. Também reduz os níveis de colesterol total e LDL no sangue, o que está associado a uma redução acentuada do risco de doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral.

Os fitoesteróis, isoflavonas, ácidos gordos insaturados e pigmentos, também contribuem para o efeito de redução do colesterol, atuando sinergicamente com as monacolinas.

Outras ações: anti-inflamatória, antihipertensiva, antiateromatosa, hipoglicémica, neuroprotetora, hepatoprotetor.

indicações

Aumento do colesterol total e do colesterol HDL.

Prevenção das doenças cardiovasculares.

Contraindicações

Alergia a leveduras ou fungos.

Gravidez e lactação.

Insuficiência hepática ou renal.

Precauções

Embora a levedura vermelha de arroz seja melhor tolerada do que as estatinas "fármacos", é aconselhável ter em conta as seguintes precauções:

 

Uma vez que os inibidores da HMG-CoA reductasa também reduzem a síntese da coenzima Q10, recomenda-se a suplementação com CoQ10, sobretudo se os tratamentos forem de longa duração.

Pessoas com antecedentes de efeitos secundários relacionados com as estatinas.

Pessoas com patologias predispostas: doenças musculares, hipotiroidismo não tratado, insuficiência renal ou hepática), atividade física intensa, idosos.

Interações com medicamentos

Estatinas e fibras.

Fármacos que induzem, como efeito secundário, a rabdomiólise (alguns agentes que diminuem o colesterol, antibióticos, nefazodona, antifúngicos e medicamentos para o VIH).

Efeitos secundários

Leves e de baixa incidência:

 

Dor de cabeça.

Distúrbios gastrointestinais.

Dor e debilidade muscular.

Neuropatia periférica.

Bibliografia

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