Contacto


HELÉNIO

Inula helenium L

Descrição

É uma planta perene, que pode atingir uma altura semelhante à do homem, quando está localizada em terras que fornecem todos os seus requisitos para alcançar o melhor desenvolvimento, caso em que pode ser considerada uma das maiores plantas herbáceas. As folhas são grandes e ovais, terminadas em ponta e na parte inferior, esbranquiçadas, têm veias que sobressaem da sua superfície. As folhas, que ao toque são um pouco macias, têm um perímetro irregular; as localizadas na altura da base da planta são as maiores, alcançando até um metro de comprimento.

 

A floração ocorre no mês de maio. Os capítulos florais, com seis a dez centímetros de diâmetro, aparecem na zona superior, tirando partido dos ramos do caule; estão protegidos por uma grande quantidade de brácteas que estão localizadas abaixo do capítulo. As flores que se encontram no perímetro do capítulo são amarelo vivo e as interiores, que são as que formam o botão, de um amarelo mais apagado e tubular. O fruto da sua fertilização é formado por um aquénio unido a um vilano simples, não ramificado e avermelhado.

 

Pois a colheita aguardar-se-á até ao outono e tentar-se-á selecionar plantas com mais de dois anos, a partir das quais será escolhida a raiz ou a rizoma que, por sua vez, deve ser cortada em fatias finas para facilitar com esta operação a sua subsequente secagem; isto deve ser desenvolvido a uma temperatura nunca superior a 40ºC e sempre num local bem ventilado. A raiz emite um cheiro forte e penetrante.

 

Chama-se helénio porque se diz ser uma planta que brotou das lágrimas de Helena de Tróia.

 

Parte utilizada

Utiliza-se a raiz e o rizoma.

 

Princípios ativos

Óleo essencial (1-3%):

Lactonas sesquiterpénicas  (substâncias amargas): eudesmanólidos (alantolactona, isoalantolactona, dihidroalantolactona, dihidroisoalantolactona), germacranolídeo-D-lactona. A mistura de alantolactonas é chamada de helenina ou cânfora de énula.

Hidrocarbonetos sesquiterpenos (-elemeno).

Triterpenos. friedelina, dammaradienol e seus acetatos.

Esterois: -sitosterol, estigmasterol, campestrol.

Polissacarídeos homogéneos: inulina (20-45%) e outras frutosanas.

Um princípio amargo: a alantopicrina.

Flavonoides: quercetol.

Fitomelanos (resinas) e matérias minerais.

Ação farmacológica

Bactericida (lactonas sesquiterpénicas).

Antiviral (lactonas sesquiterpénicas).

Anti-hemíntica (lactonas sesquiterpénicas).

Antifúngicas, semelhante à sua ação à nistatina (lactones sesquiterpene).

Expectorante, broncodilatadora e antitussiva (óleo essencial).

Diurética (inulina, flavonoides, sais minerais).

Colerética e colagoga.

Tónica digestiva e estimulante do apetite.

Anti-inflamatória e antibiótica (lactonas sesquiterpénicas).

Antifúngica e antitumoral (alantolactona, isoalantolactona).

Tónica uterina.

Hipotensora.

De acordo com os autores franceses, trata-se de uma planta estimulante global da hipófise, que apresenta uma ação anti-alérgica marcada a nível pulmonar.

Em uso externo é vulnerário e antipruriginoso.

Indicações

Afeções respiratórias: tosse irritante, traqueite, bronquite, asma, etc.

Disfunção biliar.

Falta de apetite.

Parasitas intestinais.

Distúrbios menstruais. Dismenorreia.

Fungos na pele.

No uso externo em eczema, urticária, feridas, úlceras.

Contraindicações

Gravidez e lactação.

Hipersensibilidade à droga ou outras asteráceas.

Precauções

Não é aconselhável usar de forma prolongada.

 

Efeitos secundários e toxicidade

As lactonas sesquiterpénicas, especialmente as alantolactonas, são irritantes para a pele e mucosas. Produzem hipersensibilidade e topicamente podem causar dermatite de contacto. Tem sido demonstrado, experimentalmente, que a alantolactona liga-se como hapteno às proteínas da pele e o complexo alantolactona-proteína cutânea pode provocar hipersensibilidade à alantolactona e reações de hipersensibilidade cruzada com outras plantas da família das Asteráceas.

 

Doses excessivas podem provocar vómitos, diarreia, dores de estômago, cólicas e fenómenos de paresia.

Estudos

Ensaios clínicos sobre o seu efeito antihelmíntico:

Sobre o seu efeito anti-helmíntico, verificou-se que é leve e muito variável, devido à rápida absorção intestinal dos princípios ativos. Foi demonstrada uma ação vermífuga no gato com doses de 0,15-0,20 mg/kg de uma mistura de alantolactonas, sendo negativa contra as ascaris do porco.

 Neste estudo foi avaliada a capacidade anti-helmíntica de 6 plantas medicinais e verificou-se que a que tinha maior atividade contra a ascaris lumbricoides era a Enula helenium. El Garhy MF, Mahmoud LH. Department of Zoology, Faculty of Science, Cairo University, Egypt. Anthelminthic efficacy of traditional herbs on Ascaris lumbricoides. J Egypt Soc Parasitol. 2002 Dec;32(3):893-900. PMID: 12512821 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo clínico sobre o seu efeito anti-inflamatório e antibiótico:

Algumas experiências de laboratório demonstraram o efeito anti-inflamatório e antibiótico de alguns componentes das lactonas sesquiterpénicas. K.H.Lee, T. Ikuba, R.Y. Wu y T.A. Geisman, Phytochemistry 16, 1177 (1977). I.H. Hall et al. J. Pharm. Sci. 68, 537 (1979).

Hall IH, Lee KH, Starnes CO, Sumida Y, Wu RY, Waddell TG, Cochran JW, Gerhart KG. Anti-inflammatory activity of sesquiterpene lactones and related compounds. J Pharm Sci. 1979 May;68(5):537-42. PMID: 311831 [PubMed-indexed for MEDLINE]

Estudo clínico sobre a sua ação  antimicótica e antitumoral:

Foi demonstrada uma ação antimicótica e antitumoral, tanto in vitro como in vivo, tanto para a alantolactona e isoalantolactona. W. Olechnowicz-Stepien y S. Stepien, Diss. Pharm. 15, 17 (1963). A.K. Picman, Biochem. Syst. Ecol. 11, 183 (1983). H.J. Woedenbag et al., Planta Med. 52, 112 (1986).

A concentração mínima inibitória para fungos patogénicos no homem (Epidermophytum sp., tricophyton sp.) situa-se à volta dos 15-35g/ml.

A alantolactona (1 g/ml) mostrou efeitos tóxicos in vitro sobre os leucócitos de cultivo. Dupuis G., Benezra C., Schlewer G. y Stampf JL. Allergic contact dermatitis to alpha-methylene-gamma-butyrolactones. Preparation of alantolactone-protein conjugates and induction of contact sensitivity in the guinea pig by an alantolactone-skin protein conjugate. Mol Immunol. 1980 Aug;17(8):1045-51. PMID: 6108504 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Neste estudo in vitro observou-se a atividade antiproliferativa de uma série de lactonas sesquiterpéticas isoladas da raiz de Enula helenium. Konishi T, Shimada Y, Nagao T, Okabe H, Konoshima T. Kyoto Pharmaceutical University, Japan. Antiproliferative sesquiterpene lactones from the roots of Inula helenium. Biol Pharm Bull. 2002 Oct;25(10):1370-2. PMID: 12392098 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Neste estudo investiga-se a atividade antimicobacterial contra a Mycobacterium tuberculose dos componentes de duas plantas entre as quais se encontra o helénio. Isolou-se do extrato da raiz de helénio uma série de constituintes denominados eudesmanolidos (alantolactona, isoalantolactona y 11 -H, 13-dihidroisoalantolactona) e observarm que eram os responsáveis pela sua ação contra a M. Tuberculosis. Cantrell CL, Abate L, Fronczek FR, Franzblau SG, Quijano L, Fischer NH. Department of Chemistry, Louisiana State University, Baton Rouge, USA. Antimycobacterial eudesmanolides from Inula helenium and Rudbeckia subtomentosa. Planta Med. 1999 May;65(4):351-5. PMID: 10364842 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo clínico sobre os seus efeitos secundários:

Neste estudo faz-se menção a um linimento que continha na sua composição extrato de Enula helenium produziu dermatite de contacto. Pazzaglia M, Venturo N, Borda G, Tosti A. Department of Dermatology, University of Bologna, Italy. Contact dermatitis due to a massage liniment containing Inula helenium extract. Contact Dermatitis. 1995 Oct;33(4):267. PMID: 8654079 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo clínico sobre o seu efeito antioxidante:

No presente estudo in vivo examina-se o efeito das lactonas no sistema enzimático antioxidante e na metabolização enzimática de algumas drogas no fígado e rins de ratos. Jodynis-Liebert J, Murias M, Bloszyk E. Department of Toxicology, Karol Marcinkowski University of Medical Sicences, Poznan, Poland. Effect of sesquiterpene lactones on antioxidant enzymes and some drug-metabolizing enzymes in rat liver and kidney. Planta Med. 2000 Apr;66(3):199-205. PMID: 10821042 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Bibliografia

Real Farmacopea Española, Suplemento 1999.

Real Farmacopea Española, Suplemento 2001.

Pharmacopée Française IX Édition.

Plantas Medicinales. Thérapeutique-Toxicité. Christiane Vigneau. Masson, Paris 1985.

Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. Norman Grainger Bisset (Ed). Max Wichtl. CRC Press.1994.

Plantas Medicinales y Drogas Vegetales para infusión y tisana. Edición española a cargo de: Salvador Cañogueral, Roser Vila, Max Wichtl.1998.

Matière Médicale. RR Paris- H. Moyse. Masson 1981.

The Complete German Commission E Monographs. Therapeutic Guide To Herbal Medicines. Mark Blumenthal. American Botanical Council 1998.

Fitoterapia Aplicada. J.B. Peris, G. Stübing, B.Vanaclocha. Colegio Oficial de Farmacéuticos de Valencia 1995.

Fitoterapia: Vademecum de Prescripción. Plantas Medicinales. Colaboran: Asociación española de médicos naturistas. Colegio Oficial de Farmacéuticos de Vizcaya.

Plantas Medicinales. El Dioscórides Renovado. Pio Font Quer.

Guía de Campo de las Flores de Europa. Oleg Polunin. Ediciones Omega S.A. Barcelona, 1977.

Pharmacognosy 9th edition. Varro E. Tyler – Lynn R. Brady – James E. Robbers.

Farmacognosia. G.E. Trease y W. C.Evans. CECSA.

Plantas Medicinales. Margarita Fernandez y Ana Nieto. Ed Universidad de Navarra. EUNSA 1982.

100 Plantes Medicinales. Max Rombi. Romart 1998.

Pharmacognosy, Phytochemistry, Medicinal Plants. Jean Bruneton. Lavoisier Publishing.

Enciclopedia de las Hierbas Medicinales. Tina Cecchini. Ed. de Vecchi S.A. 1995.

PDR for Herbal Medicines. Medical Economics Company, Montvale. Second Edition, 2000.


Produtos relacionados