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CAMOMILA AMARGA

Anthemis nobilis L o Chamaemelum nobile (L) All.

Descrição

Planta herbácea vivaz, peluda, de 10 a 30 cm, com uma rizoma muito ramificada, através da qual se estende pelo chão. Folhas alternas de 1,5-5 cm, verde esbranquiçadas, com pontuações glandulosas, pennatisecta, divididas em lóbulos muito estreitos, em segmentos lineares e ápices finamente pontiagudos, com a margem enrolada. Capítulos terminais e solitários, até 3 cm de diâmetro, o recipiente é sólido, cónico e cheio; a base do recipiente está rodeada por um invólucro formado por 2 a 3 fileiras de brácteas apertadas e imbricados, escariosas nas bordas (seco e translúcido, como papel). As flores da periferia do capítulo têm uma corola semelhante à língua (ligulada), brancas, pálidas, lanceoladas e flexionadas, com ovário infero castanho escuro, estilo filiforme e estigma bífido; as flores da parte interna são tubulosas amarelas, com pequenas palhinhas transparentes entre elas, têm uma corola com 5 dentes, andrócea com 5  estames epipetais e gineceo semelhante aos dos floretes liguídos, são hermafroditas. O fruto é um aquénio, não excede um milímetro de comprimento, e não têm vilano. Intenso, penetrante e característico cheiro aromático. Pertence à família das Asteráceas (Compostas).

 

É originária do Sul e Oeste da Europa (Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Espanha) e Norte de África. Para a produção do fármaco, é cultivada, principalmente na Bélgica, França, Inglaterra, Estados Unidos, Argentina e Itália, uma variedade que dá flores, quase exclusivamente liguladas. A droga provém sobretudo de França, Polónia e Checoslováquia.

 

Habitat

Em forma selvagem pode encontrar-se em prados e campos de grande parte da Península, principalmente no Oeste e Norte; é escasso ou desaparece no Nordeste, Levante e Sudeste. Floresce na primavera-verão e a colheita ocorre durante a floração, quando os capítulos se abrem.

 

Também chamada de camomila ou camomila romana.

 

Parte utilizada

São utilizados os capítulos florais.

 

Princípios ativos

O óleo essencial (0,7 a 2,4%, não deve conter menos de 0,7% de acordo com a RFE) constituído principalmente por ésteres de ácidos angélico, pinocarbonas, pinocanfonas, mirtenal, nerolidol, farnesal, alfa-bisabolol, beta damascenona, lepalona, ácido metacrilico, tiglico e isobutírico (o mais importante, é o angelato de isobutilo), com álcoois alifáticos de C4 a C6, alcoois N-butílico, isoamílico e metil-3 pentanol. O óleo essencial é azul muito claro quando acaba de ser obtido, devido à presença, na sua composição, de vestígios de camazuleno, o qual é formado a partir da matricina (lactona sesquiterpénica) durante a destilação, este composto insaturado é muito instável e torna-se ligeiramente verde.

Lactonas sesquiterpénicas (princípios amargos) do grupo dos germacranólidos (aproximadamente 0,6%): nobilina, 3-epinobilina (3-OH), o peróxido de sesquiterpénico  1-hidroperoxiisonobilina, 1,10-epo-xinobilina, 3-desironobilina, eucanabinolide e hidroxyisonobilina.

Flavonoides, entre outros 7-O-glucosil-apigenina, quercitrina, 7-O-glucosil-luteolina, apiina (=7-O-O-apiosilglucosil-apigenina), kaempferol, antemosídeo, cosmosiosídeo.

Poliacetilenos, como o éster de metilo do ácido desidromatricárico.

Ácidos fenois derivados do ácido cinâmico: ácido trans-cafeico, ácido ferulico e seus ésteres com glicose.

7-O-b-glucosil-escopoletina.

Triterpenos pentacíclicos: taraxasterol, b-amirina e b-sitosterol.

Pinocarvona e pinocarveol.

Um álcool terpenico, o anthemol.

Cumarinas, sobretudo o escopolósido (7-glucosídeo de escopoletol), também a umbeliferona e herniarina.

Catecois, responsáveis pelo escurecimento do fármaco durante toda a dessecação.

Polinos.

Outros: n-heptacosano, n-nonacosano, álcool lignoceril e hexacosanol, polissacarídeos mucilaginosos, tanino, vestígios de mesoinositol.

Ação farmacológica

Em uso interno:

 

Digestiva (aumenta a produção de sucos gastrointestinais, favorecendo a digestão), aperitiva e eupéptica (nobilina, óleo essencial e flavonoides).

Antiespasmódica ou espasmóltica porque provoca relaxamento do músculo liso (ésteres do  ácido cafeico, cumarinas e flavonoides).

Carminativa (óleo essencial).

Colerética (óleo essencial e flavonoides).

Anti-inflamatória e antirreumática (lactonas sesquiterpénicas, camazuleno e flavonoides). O camazuleno inibe a 5-lipoxigenase e a síntese de leucotrieno B4, e a apigenina bloqueia a adesão dos leucócitos.

Úlcera péptica: o alfa-bisabolol reduz a atividade proteolítica da pepsina e exerce um efeito protetor contra a formação de úlcera péptica por ácido acetilsalicílico.

Ligeiramente sedativo pela presença de apigenina, que é um agonista recetor de benzodiazepinas

Alguns autores também a consideram antineuralgica, emenagoga (fitoesteróis), diaforetica, antiemética, bactericida (flavonoides) e antihelmintica.

A nobilina e outras lactonas sesquiterpémicas apresentam uma ação citostática ou antitumor, in vitro, contra as células tumorais humanas.

Em uso externo:

 

Anti-inflamatória (lactonas sesquiterpénicas, camazuleno e flavonoides). Topicamente, as flavonas exercem uma ação anti-inflamatória local. Em particular, no modelo da dermatite induzida pelo óleo de croton no rato, a apigenina e a luteolina possuem uma potência análoga à da indometacina.

Indicações

Em uso interno:

 

Distúrbios digestivos: dispepsias hiposecretórias, aerofagia e meteorismo, distensão epigátrica, aperitiva (tomar antes de cada refeição), digestão difícil (tomar após cada refeição), espasmos gastrointestinais, vómitos nervosos, náuseas, gastrite.

Distúrbios hepáticos: disquinesias hepatobiliares, colecistite.

Parasitose intestinal (oxiuriase).

Enxaquecas, dores de cabeça de origem hepatobiliar e neuralgias.

Distúrbios da menstruação, dismenorreia (menstruação dolorosa).

Febre.

Infeções respiratórias.

Inflamações em geral, reumatismo.

Ansiedade, nervosismo e insónia.

Em uso externo:

 

Conjuntivite e blefaroconjuntivite, pálpebras irritadas e olhos cansados.

Inflamações da pele e mucosas, incluindo a cavidade orofaringe e as gengivas (enxaguamentos), eczema, feridas, chagas, queimaduras, etc.

Em atritos para o reumatismo, lumbago e ciática.

Sob a forma de vapores para as afeções da garganta e do trato respiratório.

Em inalações, em caso de sinusite, febre do feno e rinite.

Banhos relaxantes e desfatigantes.

Na forma de banhos e pomadas na área anus-genital, infeções vaginais.

Realça a cor do cabelo loiro.

Contraindicações

Hipersensibilidade conhecida ou alergia a plantas da família Asteráceas.

Gravidez. Não é recomendada a utilização durante a gravidez devido à possibilidade de indução de abortos espontâneos, pelo seu efeito estrogénico. Foram realizados estudos com animais, utilizando doses várias vezes superiores às humanas, tendo sido registados efeitos embriotóxicos e/ou teratogénicos numa ou mais das espécies estudadas; no entanto, não foram realizados ensaios clínicos em seres humanos, pelo que a utilização de camomila romana só é aceite em caso de ausência de alternativas terapêuticas mais seguras.

Lactação. Não deve ser utilizada durante a lactação devido à presença de compostos estrogénicos que podem passar para o leite materno e provocar efeitos adversos no lactente. Recomenda-se que interrompa a amamentação ou evite a administração da camomila romana.

Salvo indicação expressa, recomenda-se abster-se de prescrever óleos essenciais puros internamente a crianças com menos de seis anos de idade ou a doentes com gastrite, úlceras gastroduodenais, síndrome do intestino irritável, colite ulcerosa, doença de Crohn, doenças hepáticas, epilepsia, Parkinson ou outras doenças neurológicas.

Precauções e Interações com medicamentos

Não se recomenda a utilização de óleo essencial de camomila romana, durante um longo período de tempo ou em doses superiores às recomendadas, devido à sua possível neurotoxicidade. As doses diárias recomendadas de droga pulverizada são de 1,5 g/8 horas.

 

A camomila romana pode afetar ligeiramente a capacidade de conduzir e/ou operar máquinas. Os pacientes devem evitar operar máquinas perigosas, incluindo carros, até que tenham a certeza de que o tratamento farmacológico não os afete negativamente.

 

Interações com medicamentos:

 

A camomila romana pode aumentar o efeito sedativo provocado pelos barbitúricos, as benzodiazepinas, os anti-histamínicos H1 e o álcool.

Tem incompatibilidade com produtos que contenham extratos de quina, bem como taninos ou sais de prata.

Efeitos secundários e toxicidade

A planta fresca pode provocar dermatite de contacto. O fármaco do tipo óxido de bisabolol B, proveniente da Argentina, pode conter vestígios do alergénio antecotulido. A maioria das reações descritas deve-se à contaminação com Anthemis cotula (camomila hedionda) ou espécies relacionadas com um alto teor de antecotulido. São frequentes as reações cruzadas com outras espécies que possuem lactonas sesquiterpénicas.

 

Foi relatado um caso de choque anafilático após a ingestão de uma infusão do fármaco.

 

Também é possível o aparecimento de rinite em indivíduos com hipersensibilidade à artemisia (Artemisia vulgaris).

 

Recomenda-se que o óleo essencial seja utilizado com cuidado, uma vez que em doses elevadas é emético.

Estudos

Estudo sobre o seu efeito sedativo, anti-inflamatório e antidiurético:

* Rossi T, Melegari M, Bianchi A, Albasini A, Vampa G. Dipartimento di Scienze Farmaceutiche, Universita di Modena, Italy. Sedative, anti-inflammatory and anti-diuretic effects induced in rats by essential oils of varieties of Anthemis nobilis: a comparative study. Pharmacol Res Commun. 1988 Dec;20 Suppl 5:71-4. PMID: 3247357 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Foram estudadas as propriedades farmacêuticas dos óleos essenciais, obtidos a partir de duas variedades de A. Nobilis "cabeça branca" e "cabeça amarela". As duas variedades apresentaram diferenças morfológicas consideráveis e óleos essenciais com composição diferente. Estes óleos essenciais provaram ter propriedades anti-inflamatórias e sedativas interessantes.

Estudos sobre o seu efeito anti-inflamatório:

* Smolinski AT, Pestka JJ. Department of Food Science and Human Nutrition, Michigan State University, East Lansing, MI 48824-1224, USA. Modulation of lipopolysaccharide-induced proinflammatory cytokine production in vitro and in vivo by the herbal constituents apigenin (chamomile), ginsenoside Rb(1) (ginseng) and parthenolide (feverfew). Food Chem Toxicol. 2003 Oct;41(10):1381-90. PMID: 12909272 [PubMed-indexed for MEDLINE].

* Safayhi H, Sabieraj J, Sailer ER, Ammon HP. Department of Pharmacology, University of Tubingen, Federal Republic of Germany. Chamazulene: an antioxidant-type inhibitor of leukotriene B4 formation. Planta Med. 1994 Oct;60(5):410-3. PMID: 7997466 [PubMed-indexed for MEDLINE].

* Jakovlev V, Isaac O, Flaskamp E. Pharmacologic studies on chamomile compounds. VI. Studies on the antiphlogistic effect of chamazulene and matricine. Planta Med. 1983 Oct;49(2):67-73. PMID: 6657784 [PubMed-indexed for MEDLINE].

* Jakovlev V, Isaac O, Thiemer K, Kunde R. Pharmacological investigations with compounds of chamomile ii. new investigations on the antiphlogistic effects of (-)-alpha-bisabolol and bisabolol oxides. Planta Med. 1979 Feb;35(2):125-40. PMID: 419180 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo sobre a sua ação antiespasmódica:

* Achterrath-Tuckermann U, Kunde R, Flaskamp E, Isaac O, Thiemer K. Pharmacological investigations with compounds of chamomile. V. Investigations on the spasmolytic effect of compounds of chamomile and Kamillosan on the isolated guinea pig ileum. Planta Med. 1980 May;39(1):38-50. PMID: 7403307 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo sobre o seu efeito antiulceroso:

* Szelenyi I, Isaac O, Thiemer K. Pharmacological experiments with compounds of chamomile. III. Experimental studies of the ulcerprotective effect of chamomile. Planta Med. 1979 Mar;35(3):218-27. PMID: 432299 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudos sobre o seu efeito citotóxico:

* Grabarczyk H, Drozdz B, Hladon B, Wojciechowska J. Sesquiterpene lactones. Part XV. New cytostatic active sesquiterpene lactone from herb of Anthemis nobilis L. Pol J Pharmacol Pharm. 1977 Jul-Aug;29(4):419-23. PMID: 905207 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Da planta fresca e seca de Anthemis nobilis L. uma nova lactona sesquiterpénica, C20H2606, foi isolada. Este componente mostrou atividade citotóxica a nível de ED50 HeLa de 0-56 microgramos/ml (1-5 x 10-6 M) e ED50 KB a 1.23 microgramos/ml (3-5 x 10-6 M) que os tornam apropriados para outros estudos in vivo.

* Li B, Robinson DH, Birt DF. Department of Pharmaceutical Sciences, University of Nebraska Medical Center, Omaha 68198, USA. Evaluation of properties of apigenin and [G-3H]apigenin and analytic method development. J Pharm Sci. 1997 Jun;86(6):721-5. PMID: 9188055 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo sobre o seu efeito antisséptico:

* Isaac O, Thiemer K. Biochemical studies on camomile components/III. In vitro studies about the antipeptic activity of (--)-alpha-bisabolol. Arzneimittelforschung. 1975 Sep;25(9):1352-4. PMID: 21 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo sobre o seu efeito antidiarreico:

* De la Motte S, Bose-O´Reilly S, Heinisch M, Harrison F. Harrison Clinical Research, Munchen. Double-blind comparison of an apple pectin-chamomile extract preparation with placebo in children with diarrhea. Arzneimittelforschung. 1997 Nov;47(11):1247-9. PMID: 9463302 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Num ensaio duplo-cego, aleatório, com grupos de estudo paralelos, as crianças (de 6 meses a 5,5 anos de idade) com diarreia aguda e sem complicações, receberam uma preparação contendo pectina de maçã-extrato de camomila (n=39) ou placebo (n=40), para além da reidratação e da dieta realimentar. Após três dias de tratamento, a diarreia terminou mais frequentemente, de forma significativa, no grupo tratado do que no placebo. O tratamento com a preparação reduziu significativamente a duração da diarreia em pelo menos 5,2 h. Os pais confirmaram o bom comportamento, dando duas doses diárias, em contraste com o placebo, observou-se uma tendência para melhorar o tratamento com o composto. Os pais expressaram a sua satisfação mais frequentemente com o composto do que com o placebo. Não houve outras diferenças entre os grupos tratados.

Estudos sobre os seus efeitos sobre o sistema nervoso:

* Masago R, Matsuda T, Kikuchi Y, Miyazaki, Iwanaga K, Harada H, Katsuura T. Escuela graduada de Ciencia y Tecnología, Universida de Chiba. Effects of inhalation of essential oils on EEG activity and sensory evaluation. J Physiol Anthropol Appl Human Sci. 2000 Jan;19(1):35-42. PMID: 10979248 [PubMed-indexed for MEDLINE].

O objetivo deste estudo era investigar as alterações do EEG nos indivíduos, diretamente após a inalação de óleos essenciais e, posteriormente, observar quaisquer efeitos nas avaliações subjetivas. A avaliação do EEG e da sensorial foi avaliada em 13 indivíduos saudáveis, do sexo feminino, em quatro condições de odor. As quatro condições de odor (lavanda, camomila, sândalo e eugenol) foram aplicadas respectivamente para cada indivíduo na experiência. Os resultados foram os seguintes. 1) Foram extraídos quatro fatores básicos de 22 pares de adjetivos por análise de fator, na avaliação sensorial. O primeiro fator foi o "sensação confortável", o segundo "sensação alegre", o terceiro "sensação natural" e o quarto "sensação feminina". Quanto ao primeiro fator (sensação confortável), os cheiros por ordem de maior contribuição são lavanda, eugenol, camomila e sândalo. 2) Alfa 1(8-10Hz) nas regiões parietal e temporal posterior, diminuiu significativamente pouco depois do início da inalação do óleo de lavanda (p<0.001). Foram também observadas alterações de alfa 1 significativas após a inalação de eugenol ou camomila. A mudança após a inalação de sândalo não foi significativa. Estes resultados mostram que a atividade do alfa 1 diminuiu significativamente em condições de odor, nas quais os indivíduos se sentem confortáveis, e não mostraram nenhuma alteração significativa nas condições em que os indivíduos não se sentem confortáveis. Estes resultados sugerem uma possível correlação entre a atividade do alfa 1 e a avaliação dos individuos.

* Salgueiro JB, Ardenghi P, Dias M, Ferreira MB, Izquierdo I, Medina JH. Centro de Memoria, Departamento de Bioquimica, I.C.B.S., Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brazil. Anxiolytic natural and synthetic flavonoid ligands of the central benzodiazepine receptor have no effect on memory tasks in rats. Pharmacol Biochem Behav. 1997 Dec;58(4):887-91. PMID: 9408191 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudos sobre o seu efeito cicatrizante:

* Glowania HJ, Raulin C, Swoboda M. Hautabteilung des Bundeswehrkrankenhauses Koblenz. Effect of chamomile on wound healing-a clinical double-blind study. Z Hautkr. 1987 Sep 1;62(17):1262, 1267-71. PMID: 3318194 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo clínico duplo-cego sobre o efeito favorável da camomila na cicatrização da feridas. Num ensaio duplo-cego, a eficácia terapêutica do extrato de camomila foi examinada em 14 pacientes. Como parâmetros objetivos, serviram os efeitos epiteliais e secantes na área da supuração após a dermabrasão de tatuagens. O período de cicatrização e o processo de secagem foram avaliados pelo médico. A diminuição da área de supuração, para além da tendência de secagem, foi estatisticamente significativa.

Estudo sobre um efeito hipoglicemiante:

* Konig GM, Wright AD, Keller WJ, Judd RL, Bates S, Day C. Institute for Pharmaceutical Biology, Technical University of Braunschweig, Germany. Hypoglycaemic activity of an HMG-containing flavonoid glucoside, chamaemeloside, from Chamaemelum nobile. Planta Med. 1998 Oct;64(7):612-4. PMID: 9810266 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudo sobre o seu efeito antioxidante:

* Campanella L, Bonanni A, Tomassetti M. Department of Chemistry, University of Rome La Sapienza, Piazza Aldo Moro, 5, 00185 Rome, Italy. Determination of the antioxidant capacity of samples of different types of tea, or of beverages based on tea or other herbal products, using a superoxide dismutase biosensor. J Pharm Biomed Anal. 2003 Aug 8;32(4-5):725-36. PMID: 12899963 [PubMed-indexed for MEDLINE].

* Lee KG, Shibamoto T. Department of Environmental Toxicology, University of California-Davis, One Shields Avenue, Davis, California 95616, USA. Determination of antioxidant potential of volatile extracts isolated from various herbs and spices. J Agric Food Chem. 2002 Aug 14;50(17):4947-52. PMID: 12166987 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudos sobre os seus efeitos secundários:

* Paulsen E. National Allergy Research Center for Consumer Products, Gentofte. Denmark and Department of Dermatology, Odense University Hospital, Denmark. Contact sensitization from Compositae-containing herbal remedies and cosmetics. Contact Dermatitis. 2002 Oct;47(4):189-98. PMID: 12492516 [PubMed-indexed for MEDLINE].

As compositae, família de plantas, atualmente, uma das principais causas de dermatite de contacto na Europa. Esta família engloba algumas das plantas medicinais mais antigas e estudadas, e o aumento da popularidade das plantas medicinais e cosméticos leva a um aumento do número de sensibilizações, pelo menos em teoria. De acordo com a literatura, pelo menos 15 espécies, incluindo Anthemis nobilis L, são suspeitas de causar sensibilização ou causar dermatite.

* Maddocks-Jennings W. Faculty of Health, Science and Technology, Universal College of Learning, Palmerston North, New Zealand. Critical incident: idiosyncratic allergic reactions to essential oils. Complement Ther Nurs Midwifery. 2004 Feb;10(1):58-60. PMID: 14744508 [PubMed-indexed for MEDLINE].

* Rudzki E, Rapiejko P, Rebandel P. Department of Dermatology, Warsaw Medical School, Koszykowa 82a, 02-008 Warsaw, Poland. Occupational contact dermatitis, with asthma and rhinitis, from camomile in a cosmetician also with contact urticaria from both camomile and lime flowers. Contact Dermatitis. 2003 Sep;49(3):162. PMID: 14678218 [PubMed-indexed for MEDLINE].

* Rycroft RJ. St John's Institute of Dermatology, St Thomas's Hospital, London SE1 7EH, UK. Recurrent facial dermatitis from chamomile tea. Contact Dermatitis. 2003 Apr;48(4):229. PMID: 12786736 [PubMed-indexed for MEDLINE].

* Reider N, Sepp N, Fritsch P, Weinlich G, Jensen-Jarolim E. Department of Dermatology, University of Innsbruck, Anichstrasse 35, 6020 Innsbruck, Austria. Anaphylaxis to camomile: clinical features and allergen cross-reactivity. Clin Exp Allergy. 2000 Oct;30(10):1436-43. PMID: 10998021 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Antecedentes: Os remédios medicinais de plantas estão a ser muito populares nos últimos anos e, por isso, as reações alérgicas destas estão a aumentar. A camomila foi apresentada como um potencial gatilho para anafilaxia severa. Os alergénios responsáveis pela alergia à camomila não foram caracterizados até agora. Objetivo: O presente estudo visa rever a sintomatologia clínica das reações tipo-imediatas numa série de doentes sensíveis à camomila e à caracterização dos alergénios responsáveis. Métodos: 14 doentes com histórico de alergia à camomila, ou a especiarias ou ervas más e um teste positivo de picada de pele/RAST para camomila foram investigados pelas reações alérgicas relacionadas com alimentos, pólen e outros. Os padrões IgE foram determinados por testes de inibição imunobloting e experiências de deglicosilação. Resultados: 10 dos 14 doentes tinham um historial clínico de reações à camomila de imediato, em alguns casos em risco de vida. 11 indivíduos também foram sensibilizados à artemisia na picada ou RAST, 8 ao pólen de bétula. Usando um anticorpo anti-Bet v 1 do coelho policlonal, um homólogo do principal anti-Bet v 1 alergénio do pólen de bétula, foi detetado em duas manchas de camomila. Em 4 casos, um grupo de alergénios de maior peso molecular (23-50 kDa) mostrou uma ligação IgE à camomila. Todos os alergénios demonstraram calor estável. A ligação foi inibida em diferentes graus pelos extratos de raiz de aipo, sementes de anis e pólen de artemisia, bétula e erva de timothy. As experiências de deglicosilação provaram a presença de hidratos de carbono determinantes na camomila, os quais não eram responsáveis pelas ligações IgE. Profilins (Bet v 2) não foram detetados nos nossos extratos de camomila. Conclusão: A incidência e o risco de alergia do tipo I à camomila podem ser subestimados. A sensibilização simultânea à artemisia e a pólen de bétula não é incomum. Bet v 1 e as proteínas de maior peso molecular foram encontradas por serem alergénios obtidos e são responsáveis pela reatividade cruzada com outros alimentos e pólen.

* Florido-Lopez JF, Gonzalez-Delgado P, Saenz de San Pedro B, Perez-Miranda C, Arias de Saavedra JM, Marin-Pozo JF. Allergy Unit, Hospital General de Especialidades Ciudad de Jaen, Jaen, Spain. Allergy to natural honeys and camomile tea. Int Arch Allergy Immunol. 1995 Oct;108(2):170-4. PMID: 7549505 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudos sobre a sua composição química:

* Avallone R, Zanoli P, Puia G, Kleinschnitz M, Schreier P, Baraldi M. Departamento de Ciencias Farmacéuticas, Cátedra de Farmacología y Farmacognosia, Universidad de Modena y Reggio Emilia, 41100, Modena, Italia. Pharmacological profile of apigenin, a flavonoid isolated from Matricaria chamomilla. Biochem Pharmacol. 2000 Jun 1;59(11):1387-94. PMID: 10751547 [PubMed-indexed for MEDLINE].

As flores secas da Matricaria chamomila L. foram amplamente usadas para proporcionar efeitos sedativos e espasmolíticos. Neste estudo, foi examinada, particularmente, a propriedade farmacológica de uma fração isolada de um extrato metanolico de M. chamomilla, identificada pela análise HPLC-MS-MS como apigenina. Através dos ensaios de radioreceptores recolhidos, demonstrámos a capacidade da flavona para deslocar um radioligando específico, [(3)H]Ro 15-1788, do local de união da benzodiazepina. Estudos eletrofisiológicos realizados em células grânulo cerebelosas cultivadas, mostraram que a apigenina reduzia as correntes GABA (ácido gama-aminobutírico)-ativado CI(-) de forma dependente da dose. O efeito foi bloqueado pela co-aplicação de Ro 15-1788, um antagonista específico do recetor da benzodiazepina. Consequentemente, a apigenina reduzia a latência no ataque das convulsões induzidas por picrotoxina. Além disso, a apigenina injetada em ratos, reduziu a atividade locomotora, mas não são foram demonstradas atividades ansiolíticas, miorelaxantes ou anticonvulsas. Os resultados atuais parecem sugerir que a atividade inibitória da apigenina, no funcionamento locomotor, em ratos, não pode ser atribuída a uma interação com o recetor GABA(A)-benzodiazepina, mas sim a outros sistemas de neurotransmissão, uma vez que não é bloqueada por Ro 15-1788.

* Carnat A, Carnat AP, Fraisse D, Ricoux L, Lamaison JL. Laboratoire de Pharmacognosie et Phytotherapie, Faculte de Pharmacie, 28, place Henri Dunant, Clermont-Ferrand F-63000, France. The aromatic and polyphenolic composition of Roman camomile tea. Fitoterapia. 2004 Jan;75(1):32-8. PMID: 14693217 [PubMed-indexed for MEDLINE].

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- The Complete German Commission E Monographs. Therapeutic Guide To Herbal Medicines. Mark Blumenthal. American Botanical Council 1998.

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