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DROSERA

Drosera rotundifolia L

Descrição

Erva perene, pequena (até 15 cm). Folhas em roseta basal, com pecíolo até 3 cm e limbo suborbicular (até 1 cm de largura), coberto com umas características glândulas pediceladas e pegajosas, muitas vezes vermelhas. Inflorescência em cima de racemiformes, com 6-10 pequenas flores de corola brancas. Flores pentâmeras, com sépalas verdes, obtusas, fundidas entre elas na parte basal. Pétalas brancas, livres entre elas. Estames em número de 5, alternas com as pétalas. Ovário tricarpelar, supero, coroado por 6 estilos (3 divididos cada um deles em 2). O fruto é uma cápsula oval um pouco mais curta que o cálice, com deiscência valvar. As flores abrem-se por um tempo limitado (muitas vezes apenas algumas horas, ao início da tarde).

 

É uma planta insectívora. Se um inseto se empoleira nas suas folhas, os filamentos que possuem, dobram-se sobre eles, prendendo-os, e então as glândulas foliares banham-nos com secreções que contêm enzimas digestivas semelhantes às do suco gástrico e digerem as suas presas, aproveitando os compostos nitrogenados e fosforados, escassos nos ambientes em que esta espécie vive.

 

Floresce durante o verão.

 

Parte utilizada

A planta inteira.

 

Princípios ativos

Naftoquinonas: plumbagina ou plumbagona (metil-2-hidrosi-5-naftoquinona-1-4), carboxi-hidroxi-naftoquinona, rosolísideo, metilhidrojuglona, droserona, 8-hidroxidroserona, ramentona (2-metil-5,8-dihidroxi-1,4-naftoquinona), ramentaceona (5-hidroxi-7-metilo-1,4-naftoquinona) e isosinanolona (3-metilo-4,8-dihidroxi-1-tetralona). O  teor de naftoquinonas  varia, quantitativa e qualitativamente, dependendo das espécies.

Flavonoides: quercetina, hiperosídeo, isoquercitrina e 3-galactosil-miricetina, cujo conteúdo varia de acordo com as espécies.

 Ácidos orgânicos.

Taninos.

Antocianosídeos (dão a cor vermelha aos pêlos).

Possui ainda materiais minerais, ácidos orgânicos (malico, cítrico, gálico), mucilagens e enzimas proteólticas.

Ação farmacológica

Antiespasmódica, ao nível brônquico e intestinal. A drosera exerce um efeito broncodilatador sobre o músculo liso brônquico. Em estudos in vitro sobre íleo de porco da Guiné, foi comprovado que o extrato de drosera em doses de 0,5-1,0 mg/ml inibe os recetores muscarínicos M3 e os histamínicos H1.

Antitússica (por acalmar a irritação do nervo laríngeo).

Expectorante e mucolítica.

Antibacteriana: inibe o crescimento de bactérias Gram + (estafilococcus, estreptococos, pneumococcos) e em alguns Gram – (salmonelas).

Antifúngica e antileishmaniose.

Antiesclerosa se for utilizado durante longos períodos.

Anti-inflamatória (a plumbaginina inibe a síntese das prostaglandinas). Em ensaios in vitro sobre neutrófilos humanos, constatou-se que o extrato etanólico de drosera inibe a elastasa de neutrófilos em concentrações de 9,4 mg/ml.

Alguns autores também consideram-na diurética e hipoglicémica.

No estado fresco é rubefaciente.

Indicaçãoes

Afeções respiratórias: bronquite, faringite, laringite, asma, tosse convulsa, tosse espasmódica e irritante, etc.

Muito indicada para pessoas que têm de forçar a voz (professores, cantores, oradores, etc.).

Espasmos digestivos.

Uso externo: neuralgia, inflamações osteoarticulares, contracturas musculares, mialgias, etc.

Contraindicações

Não foram reportadas contraindicações ou interações.

 

Gravidez: Foram realizados estudos em várias espécies de animais, utilizando doses várias vezes superiores às humanas, sem que tenham sido registados efeitos embriotóxicos ou teratogénicos; no entanto, não foram realizados ensaios clínicos em humanos, pelo que a utilização de drosera só é aceite em caso de ausência de alternativas terapêuticas mais seguras.

Lactação: Não se sabe se os componentes da drosera são excretados em quantidades significativas com o leite materno, e se isso pode afetar a criança. Recomenda-se que interrompa a amamentação ou evite a administração de drosera.

Recomenda-se que não prescreva formulários de dosagem com teor alcoólico a crianças com menos de dois anos de idade ou a pacientes em processo de cessação do álcool.

Precauções

A presença de mucilagens significa que existe um risco potencial de interação porque as mucilagens podem retardar ou diminuir a absorção oral de outros princípios ativos. Por isso, recomenda-se distanciar as doses de drosera de outros princípios ativos.

 

Efeitos secundários e toxicidade

Não foram descritos nas doses terapêuticas recomendadas.

Devido ao seu conteúdo em plumbagina pode provocar uma cor anormal na urina.

No entanto, foram recolhidas na base de dados da FEDRA (Farmacovigilância Espanhola, Dados de Reações adversas) do Sistema Espanhol de Farmacovigilância, dados sobre possíveis reações adversas genitourinárias (retenção urinária, oliguria, disúria) e alérgicas/dermatológicas (erupção maculopapular, eritema).

Sobredosagem: doses mais elevadas, a plumbagona é citotóxica.

Estudos

Estudo clínico sobre a sua atividade anti-inflamatória e antiespasmódica:

O extrato etanolico de Drosera madagascariensis tem ação anti-inflamatória e espasmolítica. O extrato inibe, in vitro, a elastasa de neutrófilos humanos (IC50 de 9,4 mg/ml). Nesta ação não intervêm as naftoquinonas, no entanto, os flavonoides, como a quercetina (IC50 de 0,8 mg/ml), o hiperosídeo (CI50 de 0,15 mg/ml) e a isoquercitrina (IC50 de 0,7 mg/ml) contribuem para a inibição da enzima. Além disso, o extrato induz um efeito espasmólmo in vivo sobre o íleo de cobaia, através dos recetores de colinérgico M3 e histaminicos H1. No entanto, não tem atividade in vivo sobre os recetores de prostaglandina PGF2a, na traqueia da cobaia. O conteúdo de naftalaquinonas não interferiria na ação espasmolítica, devido ao seu baixo teor no extrato.

Kolodziej H, Pertz HH, Humke A. Institut fur Pharmazie, Pharmazeutische Biologie, Freie Universitat Berlin, Berlin, Germany. Main constituents of a commercial Drosera fluid extract and their antagonist activity at muscarinic M3 receptors in guinea-pig ileum. Pharmazie. 2002 Mar;57(3):201-3. PMID: 11933852 [PubMed-indexed for MEDLINE].

Estudos clínicos sobre o seu efeito antibacteriano:

o extracto clorofórmico das partes aéreas de Drosera peltata é ativo, mediante ensaios de difusião em agar, face a Streptococcus mutans, S. sobrinus, S. rattus, S. cricetus, S. sanguis, S. milleri, S. mitis, S. constellatus, S. oralis, S. salivarius, Prevotella oris, P. buccae e P. intermedia, principais responsáveis pela periodontite e pelo aparecimento de caries dentais. Esta atividade é atribuída à plumbagona.

Didry N, Dubreuil L, Pinkas M. Laboratoire de Pharmacognosie, Faculte des Sciences pharmaceutiques et biologiques, Lille, France. Activity of anthraquinonic and naphthoquinonic compounds on oral bacteria. Pharmazie. 1994 Sep;49(9):681-3. PMID: 7972313 [PubMed-indexed for MEDLINE].

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Estudos clínicos sobre a sua composição:

Vinkenborg J, Sampara-Rumantir N, Uffelie OF.The presence of hydroplumbagin glucoside in Drosera rotundifolia L. Pharm Weekbl. 1969 Jan 17;104(3):45-9. PMID: 5774641 [PubMed-indexed for MEDLINE].

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