ASHWAGANDHA

Descrição

É um arbusto ereto que pode atingir uma altura de 1,5 m com flor esverdeada, pouco vistosa. O seu fruto é uma baga alaranjada, do tamanho de uma ervilha, envolvida pelo cálice, que cresce após a fecundação. Encontra-se em quase todos os climas temperados. Cresce nas zonas mais secas da Índia, Paquistão e Sri Lanka, no sul da Europa, nordeste de África e na Macaronésia. Na Península Ibérica encontra-se esporadicamente no litoral mediterrânico.

Parte utilizada (substância vegetal)

A raiz (na Indian Materia Medica, também se inclui monografia da folha, semente e fruto).

Princípios ativos

• Heterósidos witanólidos: witanósidos I-VII, witaferina A, fisagulina D, coagulina Q. Alguns dos witanólidos são estruturalmente semelhantes aos ginsenósidos do ginseng.
• Alcaloides: isopelletierina, anaferina, cuscohigrina, anahigrina, somnina, somniferina, withanina, tropina, pseudotropina e anaferina.
• Saponinas
• Também contém salvigenina, withaperuvina 1, eucommiol, vicosalactona B, anamidas D e E, e asomidienona.

Mecanismo de ação

A raiz contém fitosteróis (witanólidos, witaferina A e sitoindósidos) dos quais se descreveu um efeito adaptogénico e anti-inflamatório. A investigação em animais também sugere que a ashwagandha pode reduzir a imunossupressão e a leucopenia induzidas por ciclofosfamida (quimioterápico). Também parece aumentar a contagem de células da medula óssea e glóbulos brancos em animais tratados com radiação. Os alcaloides demonstram um efeito relaxante e antiespasmódico ao nível intestinal, uterino, brônquico, traqueal e da musculatura lisa vascular. Os witanólidos e o extrato de ashwagandha tiveram efeitos citotóxicos em células cancerígenas e noutros modelos laboratoriais.

Efeitos ansiolíticos, antidepressivos e anticonvulsivantes: os estudos em animais demonstraram que a ashwagandha pode melhorar a transmissão serotoninérgica através da modulação dos recetores pós-sinápticos da serotonina (5-HT) e ansiolíticos/anticonvulsivantes sensibilizando o recetor do GABA. A investigação em humanos mostra que a ashwagandha aumenta os níveis séricos de serotonina e os níveis de cortisol salivar matinal, o que sugere que os efeitos antidepressivos e ansiolíticos estão relacionados com o hipotálamo, a glândula pituitária anterior e o eixo suprarrenal (HPA).

Efeitos reprodutivos: Na investigação clínica, a ashwagandha parece melhorar a contagem e a motilidade dos espermatozoides em homens adultos. Estes efeitos parecem estar relacionados com níveis melhorados de testosterona, hormona luteinizante (LH), hormona folículo estimulante (FSH) e prolactina.

Efeitos sobre a tiroide: A ashwagandha parece estimular a síntese e/ou secreção da tiroide. Em investigações clínicas e animais, foi relatado que a ashwagandha estimula a função tiroideia, aumentando as concentrações séricas de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) e reduzindo os níveis séricos da hormona estimulante da tiroide (TSH). Por esta razão, pode ser de interesse para o tratamento do hipotiroidismo subclínico.

Além disso, foi descrito que a raiz tem efeitos analgésicos, antipiréticos, antioxidantes e hipotensores, neuroprotetores e nootrópicos (melhora da memória).

Indicações

Os ensaios clínicos em humanos apoiam a eficácia da ashwagandha na redução do stress, da ansiedade, dos sintomas do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e da insónia.

Uma meta-análise de sete estudos clínicos pequenos em adultos saudáveis, pacientes com stress crónico ou pacientes com condições psiquiátricas mostra que tomar ashwagandha 240-1000 mg diariamente durante 8-12 semanas melhora o stress em comparação com placebo. Por outro lado, as diretrizes de prática clínica da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica (WFSBP) e da Rede Canadiana para o Tratamento do Estado de Ânimo e da Ansiedade (CANMAT) recomendam provisoriamente o extrato de raiz de ashwagandha em doses de 300-600 mg, padronizadas a 5% de witanólidos, diariamente como monoterapia ou terapia complementar em pacientes com TAG. Esta recomendação baseia-se numa revisão de três ensaios clínicos preliminares com resultados consistentes.

A investigação em humanos mostrou que a ashwagandha melhora modestamente o sono geral, bem como a qualidade do sono, a latência do sono, o tempo total de sono, o tempo de vigília após o início do sono e a eficiência do sono, em comparação com placebo. Os efeitos foram mais pronunciados naqueles com insónia, com doses de pelo menos 600 mg por dia e com durações de tratamento de pelo menos 8 semanas.

Contraindicações

• Alergia à ashwagandha
• Gravidez e amamentação
• Insuficiência hepática
• Hipertiroidismo
• Crianças

Precauções

• Doenças autoimunes
• Doenças hepáticas
• Perioperatório: a ashwagandha pode causar depressão aditiva do sistema nervoso central quando combinada com anestesia e outros medicamentos durante e após procedimentos cirúrgicos. Recomenda-se que os pacientes suspendam a ashwagandha pelo menos duas semanas antes de procedimentos cirúrgicos eletivos.
• Distúrbios da função tiroideia: a ashwagandha pode exacerbar o hipertiroidismo ao aumentar os níveis de hormona tiroideia.

Efeitos secundários e toxicidade

Por via oral, a ashwagandha parece ser bem tolerada, os efeitos adversos mais comuns podem ser: diarreia, desconforto gastrointestinal, náuseas e vómitos. No entanto, estes efeitos adversos não ocorrem frequentemente com as doses típicas. Raramente pode causar dermatite, hiperatividade tiroideia, redução da libido, lesão hepática e sonolência.

Interações farmacológicas

Pode potenciar o efeito dos tratamentos antidiabéticos, hipotensores, sedativos, depressores do sistema nervoso, potenciar a toxicidade de fármacos hepatotóxicos, reduzir a eficácia de imunossupressores e potenciar os tratamentos do hipotiroidismo.

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