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ARANDO OU MIRTILO VERMELHO

Vaccinium myrtillus L

Descrição

Subarbusto caducifolio, de 20-60 cm, com ramos angulares e alados. Folhas caducas, alternas e ovais-afiadas com borda irregular. Flores urceoladas, branco-rosadas. Frutos em baga azulada com sabor ácido-açucarado.

 

Distribuição e ecologia: Áreas montanhosas silicícolas da Europa, Ásia e América, com clima atlântico.

 

Parte utilizada

Frutos maduros (frescos ou secos) e folhas.

 

Princípios ativos

*Frutos:

 

Os frutos de arando são ricos em água (até 90%), açúcares (3 a 7%) e ácidos orgânicos (malico, cítrico). Também têm vitaminas A e C.

Taninos catequicos (10%).

Antocianosidos ( 0,5%), cujos geninas são: delfinidol, cianol ou petunidol, malvidol e paenidol.

Proantocianidois  (procianidois B1-B4) e flavan-3-ois monómeros (catecol e epicatecol).

Glicosídeos de flavonois: astragalina, hiperosido, quercitrina e isoquercitrina.

Vestígios de alcaloides quinolizidinicos: mirtina e epimirtina.

Sais minerais: Ca, Mn e K.

Ácidos fenólicos derivados do ácido cinâmico. Ácidos cafeicos e clorogénicos.

Pectina.

Iridoides: Asperulósido e onotropeína

*Folhas:

 

Flavonoides (2.20-2,98%): astragalina, hiperosido, quercetina, isoquercitrina, meratina, avicularina.

Taninos condensados (5-10%): oligomeros e polímeros flavónicos.

Ácidos triterpénicos (ursólico, oleanólico).

Iridoides: asperulósido, monotropeína.

Alcaloides quinolizidínicos: mirtina, epimirtina.

Ácidos fenólicos derivados do ácido cinâmico. Ácido clorogénico (1,5-3,6).

Ácidos fenólicos derivados do ácido benzoico. Ácido salicílico e gentisico.

Leucoantocianósidos.

Sais de crómio (9ppm.).

Em bibliografias menos recentes, a arbutina e a hidroquinona são citadas como componentes importantes, embora apenas se encontrem vestígios ou sejam mesmo completamente ausentes.

Ação farmacológica

*Frutos:

 

Vasoprotetora e capilarotropa (antocianósidos). Aumentam a resistência da parede vascular, diminuem a fragilidade capilar. Os antocianosidos têm uma afinidade com a membrana das células epiteliais, ligando-se aos fosfolípidos para formar complexos. Além disso, ativam a biossíntese dos glicosaminoglicanos da substância fundamental conetiva, especialmente a do ácido hialurónico, que estimula a neoformação capilar e a neofibrilopoiese. A injeção intravenosa de antocianósidos em animais experimentais produziu uma vasodilatação das artérias, aumentando as alterações rítmicas no  diâmetro arteriolar  e melhorando assim a redistribuição do fluxo intersticial.

Antiagregante plaquetário (antocianosidos).

Anti-radical e anti-inflamatória (antocianosidos).

Vasodilatadora coronária (antocianosidos).

Adstringente e antidiarreia (taninos).

Anti-úlcera péptica: foi demonstrado em ensaios in vivo, em animais, que o extrato de arando tem um efeito protetor na mucosa gástrica, tanto por via oral como intraperitoneal. Parece que este efeito se deve à potenciação dos mecanismos de defesa da mucosa gástrica.

Favorece a adaptação da visão à escuridão, devido ao aumento da velocidade de regeneração da rodopsina. Também modifica a atividade da enzima lactato desidrogenasa, envolvida nos processos em que há danos na retina.

Outras ações descritas: antibacteriana a nível intestinal e anticarcinomatosa (os antocianosidos, oxidorredutores, vitaminas e sais minerais reparariam alterações celulares).

*Folhas:

 

Adstringente-antidiarreia (taninos).

Diutrética (flavonoides).

Antisséptico urinário (arbutóside).

Hipoglicémico leve (sais de crómio).

Hipolipemiante. Os ensaios in vivo em animais demonstraram dredução nos níveis de triglicéridos.

Indicações

*Frutos frescos:

 

Distúrbios da visão de origem circulatória: retinite pigmentosa, retinopatias de origem hipertensiva e diabética, miopia, hemeralopia e glaucoma. Para melhorar a visão noturna, a adaptação à escuridão e na restauração da acuidade visual após exposição à luz intensa.

Microangiopatia diabética, senil e arteriosclerotica.

Prevenção da doença coronária.

Insuficiência venosa: varizes, hemorroidas, flebite e tromboflebite.

Como coadjuvante nos tratamentos com anticoagulantes. Previne e limita a ocorrência de acidentes hemorrágicos.

Os frutos secos são utilizados no tratamento da diarreia aguda não específica. Também são utilizados localmente em inflamações leves da mucosa orofaringe.

*Folhas:

 

Diarreia.

Diabetes tipo II.

Afeções urinárias: cistite, uretrite e hiperuricemia.

Gota crónica (artrite gotosa).

Por via externa: estomatite, eczema, feridas e ulcerações trópicas.

As folhas não devem ser utilizadas em tratamentos prolongados devido à sua toxicidade.           

 

Contraindicações

Não foram descritos.

 

Interações

Heparina, anticoagulantes orais e antiagregantes plaquetários. Devido à ação antiagregante plaqueletária do arando, pode potenciar a ação destes farmacos, e favorecer o aparecimento de hemorragias.

Antidiabéticos orais, insulina. O arando pode potenciar a ação da insulina ou dos antidiabéticos orais, pelo que, em caso de administração conjunta, é recomendado reajustar as doses.

Reações adversas

Não foram observadas em doses recomendadas. Em doses elevadas, em tratamentos prolongados ou em pessoas especialmente sensíveis, podem ocorrer as seguintes:

 

Distúrbios digestivos devido ao alto teor de taninos: náuseas, vómitos, dispepsias, gastrite.

Também foram descritas: dores de cabeça, tonturas, ansiedade, hipotensão ortostática e problemas dermatológicos (urticária, vitiligo).

Estudos 

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