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FENO GREGO

Trigonella foenum-graecum L

Descrição

Planta herbácea anual, de 30-60 cm de altura. O caule é arredondado, ramificado e oco. Folhas trifoliadas e pecioladas. As flores papilonaceas brancas-amareladas saem dos axilas das folhas. O fruto em leguminosa (vagem falciforme) contém entre 10-20 sementes quadrangulares de cor amarela ou castanha, divididas em duas metades desiguais por um sulco.

 

É originária da Ásia Ocidental; tem atualmente uma distribuição circum-mediterrânica e até americana. É cultivada na Índia, na China e na Ucrânia.

 

Parte utilizada

As sementes.

 

Princípios ativos

Açúcares simples e oligossacarídeos (45-60%).

Polissacarídeos heterogéneos. Mucilagens (25-45%) como manogalactanos no endosperma das sementes.

Lípidos insaturados (8-10%) no embrião: triglicéridos sobretudo de ácidos gordos linoleicos, linolenico, linolénico, oleico e palmítico.

Proteínas (27-30%), muito ricas em triptofano, com uma relação lise/arginina muito baixa, inclusive inferior à da soja.

Fósforo orgânico: lecitina (1,2-2,5%) e inositolhexfosfato de cálcio e magnésio.

Saponinas esteroides (1,2-1,5%): diosgenina, yamogenina, tigogenina, neotigogenina, gitogenina, esmilageina, yucagenina e seus heterosidos trigofoenosidos A-G.

Alcaloides piridínicos: trigonellina (0,2-0,36%), gentianina, carpaína.

A trigonellina, derivado do ácido nicotínico, pode ser transformada em nicotinamida (Vit.  B3 ou Vit. PP)

 

Flavonoides: luteolina, orientina, isoorientina, quercitrina, saponaretina, vitexina e isovitexina.

Óleo essencial (0,015%) que lhe dá o cheiro característico a especiaria, no qual o anetol domina. (sesquiterpenos, hidrocarbonetos).

Fitoesteróis: colesterol e sitosterol.

Sais minerais: cálcio, férro e manganês.

Vitaminas: A, B1, C e P.

Fibras: celulose, hemicelulose, lignina, gomas e pectinas.

Enzimas: diástasas e manasas.

Outros: colina, ácido nicotínico, cumarinas

Ação farmacológica

Orexigénio (estimulante do apetite), aperitivo. Esta ação deve-se aos alcaloides. O feno grego estimula as papilas gustativas, as quais, por um estímulo reflexo, aumentam a produção de sumos gastrointestinais, estimulando o apetite.

Anabolizante, adipogénio (proteínas, vitaminas e fósforo orgânico).

Antianémica (sais de ferro).

Estimulante neuromuscular (fósforo).

Osteogénico (cálcio, fósforo e vitamina D).

Galactogeno (lípidos insaponificáveis).

Hipoglicémico (fibra, trigonellina).

Hipocolesteromiante e redução de lípidos (fibras, saponinas esteroides).

Hepatoprotetor (colina, lecitina, ácidos gordos essenciais, inositol).

Emoliente, demulente dermatológico (lípidos e mucilagens).

Diurético oxalurico (saponinas esteroides).

Laxante mecânico (fibras).

Anti-inflamatório (saponinas esteroides).

Antimicrobiano (saponinas esteroides).

Anti-acneica: devido à ação hipoglicémica. As elevadas taxas de glicose ligadas ao consumo excessivo de doces aumentam a taxa de glicose ao nível dérmico, favorecendo o crescimento bacteriano.

Cardiotónico (saponinas esteroides).

Outras ações que lhe são atribuídas: anticoagulante, parassimpáticomimetico, hipotensivo.

Indicações

Como restaurador na anorexia, perda de peso, astenia e convalescença.

Anemias.

Diabetes mellitus tipo II.

Gastrite, úlcera gastroduodenal.

Raquitismo e osteomalacia.

Hepatite.

Prisão de ventre.

Constipações das vias aéreas superiores.

Acne.

Hipercolesterolemias.

Litiase oxalica.

Aplicação tópica: estomatite, gengivite, faringite, furúnculos, abcessos, blefarite, conjuntivite, vaginite, úlceras crurais, eczema.

O feno grego é usado como aromatizante na alimentação e na cosmética.

 

Também se utiliza para a produção industrial de diosgenina, base para a hemissíntese das hormonas esteroides.

 

Contraindicações

Gravidez. Em animais de laboratório, a administração de preparações hidroalcólicas ou aquosas de feno grego produziu uma ação oxitocica.

Lactação. Transfere sabor amargo ao leite. Os alcaloides podem passar para o leite materno e causar efeitos adversos no bebé.

Bronquite, enfisema e asma. In vitro, demonstrou-se que inibe o transporte mucociliar.

Obstrução esofágica, intestinal, íleo espástico ou paralisante, estenose do trato digestivo, afetação fecal. Se não se ingerir a quantidade de água adequada, estas condições podem ser agravadas.

Dor abdominal de causa pouco clara, uma vez que pode mascarar um quadro mais grave, retardando o seu diagnóstico.

Recomenda-se a ingestão adequada de líquidos para evitar o aparecimento de obstruções gastrointestinais, devido à presença de mucilagens.

Recomenda-se também controlar os níveis de glicose no sangue durante o tratamento, uma vez que a hipoglicemia pode ocorrer ao produzir-se uma diminuição da absorção oral de glicose.

Interações

Insulina e antidiabéticos orais: o feno grego pode potenciar a ação destes fármacos, produzindo hipoglicemia, pelo que, em caso de administração conjunta, é recomendado reajustar a dose dos mesmos.

A presença de mucilagens pode atrasar ou diminuir a absorção de outros princípios ativos, pelo que é aconselhável distanciar as doses de feno grego e outros princípios ativos.

Efeitos secundários

Em doses elevadas ou em tratamentos prolongados, podem ocorrer reações de hipersensibilidade ou dermatite de contacto, em indivíduos particularmente sensíveis.

Estudos

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